segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Educação: um princípio fundamental

«Empregai toda a energia para adquirir tanto perfeições interiores como exteriores, pois o fruto da alma humana tem sempre sido, e sempre será, perfeições internas e externas. Não é desejável que o ser humano seja deixado sem conhecimento ou habilitações, pois será, então, nada mais que uma árvore estéril. Assim, tanto quanto o permitam as vossas capacidades e aptidões, deveis adornar a árvore do ser com frutos como a sabedoria, o conhecimento, a percepção espiritual e a fala eloqüente».
Bahá’ú’lláh
Nos últimos cem anos a palavra educação tem sido uma das mais comentadas, elogiadas e lamentadas dentro do vocabulário moderno. Em poucos anos, a humanidade passou de uma época em que a maioria dos reis não sabia ler, ou não desejava saber ler, até ao presente, quando, ao contrário do passado,  incontáveis organizações declaram ser a educação um direito incontestável de todas as pessoas, sejam elas ricas ou pobres, meninos ou meninas, jovens ou idosos, camponeses ou citadinos. Existem atualmente grandes complexos educacionais compostos por milhares de prédios escolares, professores e alunos. As catalogações de material didático incluem milhões de ferramentas, desde a tampinha da garrafa até aos computadores mais sofisticados. Mesmo os países mais pobres possuem uma infra-estrutura educacional e contribuem para o mundo, criando filósofos, cientistas, artistas, educadores e estadistas. Nos países onde os recursos permitem, a educação formal pode ser proveitosa para toda a população, desde a mais tenra idade até ao fim da vida.
Entretanto, é um fato reconhecido a existência de uma crescente desilusão com a "educação". Em muitos países desenvolvidos, números alarmantes de alunos deixam os estudos no primeiro momento permitido por lei. Mesmo em países em desenvolvimento a insatisfação concorre com os fatores econômicos para tirar os alunos das escolas. Por seu turno, os educadores e legisladores procuram reagir a essa tendência criando mudanças na estrutura educacional, reorganizando os currículos,  buscando novos materiais escolares, etc, mas nem eles próprios estão satisfeitos com os resultados até agora alcançados.
A grande verdade é que a chave do problema encontra-se exatamente nos resultados que a educação deveria trazer. Esta gigantesca máquina educacional, com milhões de horas de aulas e estudos, não levou os alunos a responder às perguntas básicas e mais importantes das suas vidas. Quem somos? Por que fomos criados? Para onde vamos? No nosso entusiasmo para encontrar a pedra mágica, acabamos por nos esquecer que a educação, como qualquer ferramenta, não pode responder às perguntas do "porquês?". Para obtermos tais respostas é necessário virarmo-nos para a Religião, que é a fonte mais profunda de motivação e segurança do indivíduo, como também a força geradora de civilização para os povos.
Através dos tempos, os Fundadores das grandes religiões, como Buda, Moisés, Cristo, Maomé, Bahá´u´lláh e outros, ensinaram à humanidade o propósito das nossas vidas e como tal propósito  poderia ser alcançado. Nos Livros Sagrados, encontramos os princípios morais e éticos que orientam o uso adequado de qualquer ferramenta, inclusive as altas tecnologias que, hoje, estão ao nosso alcance. No BagvadGita, no Velho Testamento, no Novo Testamento, no Alcorão, e nas Escrituras Bahá´ís são destacadas as qualidades individuais do ser humano, como a compaixão, a equidade, a bondade, e tantas outras que o homem deve adquirir. Certamente, a aquisição dessas virtudes deve fazer parte fundamental de todo e qualquer processo educacional. Mas, na medida em que criamos estruturas sociais, mais e mais abrangentes, cresceram também em importância os problemas sociais e inter-pessoais. A Religião tem-nos  ensinado como conviver harmoniosamente em famílias, tribos, cidades e nações, criando instituições baseadas na justiça, obediência, colaboração mútua e crescente consciência social.
Hoje em dia também a orientação para a vida social provém da Religião. Neste momento histórico, quando as perguntas dos "porquês?” chegaram ao ponto de não somente desequilibrar inúmeros indivíduos, mas também a sociedade inteira, levando-a ao ponto de pôr em perigo a sua própria existência, Bahá´u´lláh proclamou os princípios sociais e éticos adequados para o ser humano enfrentar tais desafios. Bahá´u´lláh proclamou a unidade do gênero humano como o ponto focal ao redor do qual encontraremos a solução dos nossos problemas sociais:
"O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança são inatingíveis, a menos que, e até que, a sua unidade esteja firmemente estabelecida."


3 Tipos de Educação
Qualquer "educação" baseada em perspectivas limitadas, lealdades parciais e conhecimentos fragmentados, não pode satisfazer o ser humano, que intrinsecamente tem anseios universais, esperanças celestiais e sentimentos globais. Há que educá-lo para ser uma criatura confiante do seu lugar no universo e pronto para contribuir com os seus talentos para o progresso de toda a humanidade.
Pela primeira vez na história das grandes religiões, o próprio Fundador de uma Religião destacou a Educação como uma lei divina e traçou as linhas gerais de uma filosofia educacional adequada para esta época. Nas Escrituras bahá´ís são definidos três tipos de educação, ou seja, a material, a humana e espiritual.


A educação material trata dos cuidados do corpo, seu bem-estar e conforto. Neste aspecto da educação pode-se incluir as áreas de higiene, limpeza, abrigos, vestimentas, educação física, desporto, alimentação e as ciências da saúde. Nas diversas culturas por todo o planeta estes assuntos recebem tratamentos variados, portanto está evidenciado de alguma maneira, e formam parte da nossa herança universal.
As crianças porém, devem receber instrução sobre o funcionamento e os cuidados que o corpo e os demais elementos do meio ambiente físico necessitam. A natureza possui as suas leis e estrutura geral. O papel da educação é gerar o melhor entendimento destas leis para que possamos obedecê-las e aproveitá-las tanto para nos proteger, como para fazer descobrimentos que levarão avante a civilização.


A educação humana inclui as atividades sociais e humanísticas que fazem parte da civilização, como o governo, administração, obras de caridade, profissões, artes e ofícios, ciências, e, grandes invenções e descobertas. A atuação nestes campos permite a expressão cada vez mais profunda das faculdades intelectuais. Assim aprendemos a funcionar nas diversas instituições sociais de crescente complexidade e abrangência, como a família, as tribos, as cidades, o estado-nação e, hoje, chegou a hora de aprendermos como viver nesta nova fase de unidade mundial.

A educação espiritual
«Considerai o Homem como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somente, pode fazê-la revelar os seus tesouros e habilitar a Humanidade a tirar dela algum benefício».
Bahá'u'lláh
Cabe aos educadores serem mineiros, trazer à superfície as belezas ocultas do ser humano. A própria natureza humana é curiosa, investigadora, racional, responde naturalmente ao estímulo, para o cumprimento deste princípio.
Se pensássemos bem na alegria que uma criança mostra após a aprendizagem de um novo conceito ou habilidade, ficaríamos certamente admirados ante a satisfação que o conhecimento lhe pode trazer. Portanto, a aquisição de qualidades como o amor, a justiça, a compreensão, a honestidade, e outras, causa não só a alegria e satisfação da própria pessoa, como também de todos ao seu redor. Além disso, a contribuição dos seus talentos à humanidade pode ser motivo de felicidade para todos os habitantes do planeta.

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